terça-feira, 30 de outubro de 2012

BOICOTE A NOVELA SALVE JORGE GERA POLÊMICA ENTRE EVANGÉLICOS

Imagem de São Jorge que na umbanda é chamado de Ogum
Grupos evangélicos estão organizando pelas redes sociais um protesto contra a nova novela das 9 da Rede Globo, Salve Jorge. Uma das peças usadas no protesto fala que os crentes devem boicotar a novela por ela possuir conteúdo espírita e apologia ao lesbianismo. Blogs cristãos evangélicos emitiram opiniões contraditórias sobre o assunto.
Mas o protesto está gerando polêmica não só no meio televisivo e midático, mas entre os próprios evangélicos. Pastores e líderes religiosos discordam quanto ao boicote ao folhetim.
Os evangélicos que participam do boicote alegam que o folhetim realiza adoração à entidade ogun da Umbanda, além de associar o santo católico ao sincretismo e ao espiritismo.
A atriz Vera Fischer fez declarações em que disse que seu personagem terá relações com outras mulheres. A novela também contará com a participação de Thammy Gretchen, filha da cantora Gretchen e assumidamente lésbica, que interpretará uma policial masculinizada na história.
Segundo a Folha, a maioria dos protestos vem do site exercitouniversal.com.br, formado por fiéis da Igreja Universal do Reino de Deus. O líder da Universal, bispo Edir Macedo, também realizou uma campanha em seu blog contra a nova novela da Globo.
Macedo em seu blog diz que os as pessoas não devem aceitar algo que contrarie sua fé dentro de seus lares. No mesmo texto, promove a minissérie de sua emissora de TV Record, “Rei Davi”, que está sendo reprisada para fazer frente à nova novela da concorrente.
Mas não são todos os evangélicos que participam ou concordam com o boicote à novela. O pastor Márcio de Souza postou em seu blog um texto em que enumera razões para discordar do protesto.
Sobre a afirmação de que São Jorge é o orixá que rege a Rede Globo, ele responde: “ele pode até reger a Globo, mas não rege a minha vida, nem tampouco influencia o que eu penso ou faço. O dono da minha vida é Cristo”, enfatiza.
Para Souza, os crentes atualmente já dão audiência e até assimilam os valores distorcidos repassados pelas novelas, portanto, o protesto seria irrelevante. “Antes que digam que sou noveleiro, quero dizer que não curto novela, mas também não condeno quem curte. A minha opção é priorizar coisas melhores”, pontua.
Rede Globo

A Rede Globo emitiu um comunicado, segundo o site Vírgula Lifestyle em que afirmou que a peça de dramaturgia menciona, na verdade, o mito guerreiro, presente em diversas culturas.
“A novela não fala de São Jorge, fala do mito do guerreiro, figura existente em qualquer cultura, religiosa ou não. A única coisa que aparece de São Jorge é o fato de ele ser o padroeiro da cavalaria. É por isso que o personagem de Rodrigo Lombardi é devoto dele, pois pede proteção a cada ação. Com o decorrer da novela no ar isso ficará evidente para todos os grupos”, diz a nota.
A emissora ainda se defendeu da acusação de incentivar o lesbianismo. “Não há sequer referencia a lesbianismo na trama”, diz o comunicado.
autora da trama Glória Perez afirmou ao jornal O Dia que a verdadeira intenção do boicote teria origem em interesses comerciais.  “Não vejo boicote nenhum dos evangélicos, o que vejo são interesses comerciais apelando para o fundamentalismo”, rebate Glória Perez.
Em entrevista anterior à publicação, Glória Perez  já tinha esclarecido que o foco da novela não era o santo, e, sim, o mito do guerreiro que a figura religiosa representa.
“O que me levou a falar do mito foi a admiração pela força guerreira da gente do (Complexo do) Alemão, que suportou durante tantos anos o domínio dos traficantes”, disse a novelista

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