domingo, 27 de outubro de 2013

‘Não reconhecia o valor dele’, diz filho sobre pai que pagou por roubos

Servente de pedreiro procurou vítimas do filho para pagar dívida
Servente de pedreiro procurou vítimas do filho para pagar dívida
O pai que assumiu o prejuízo que o filho causou a assaltar uma farmácia e um posto de combustíveis em Jales (SP) reencontrou nesta quinta-feira (24), pela primeira vez depois que foi preso, o filho, em visita a cadeia da cidade. O jovem de 18 anos diz que está arrependido e que não esperava que o pai fosse até os locais dos crimes quitar as dívidas com os comerciantes. “Até então não reconhecia o valor que meu pai tinha, porque a atitude que ele teve eu não esperava isso. Agora estou reconhecendo de como o meu pai é guerreiro”, diz o jovem.
Na última semana, quando o jovem foi preso, o servente de pedreiro Dorivaldo Porfírio de Lima procurou os donos dos estabelecimentos para pagar a quantia que o filho teria roubado. Os dois não se viam há mais de 15 dias. Dorivaldo afirma que nunca tinha ficado tanto tempo longe do filho. Nesta quinta-feira, ele acordou cedo para ver o caçula. “A gente não conseguia dormir direito, só pensando que ele estava em um lugar que não deveria estar”, afirma o pai.
O abraço foi apertado e cheio de emoção. Dorivaldo disse que perdoa o filho, mas quer que ele se livre das drogas e volte a trabalhar. “Ele mesmo admitiu o que fez foi errado, que não é certo e já é difícil admitir isso. Então agora é quando sair da cadeia é trabalhar e correr atrás da vida”, afirma Lima.
Entenda o caso
Bruno foi flagrado no começo do mês com um outro rapaz assaltando um posto de combustíveis, logo depois a dupla roubou uma farmácia. Os dois foram identificados pelas câmeras de segurança e presos. Assim que soube dos assaltos, Dorivaldo voltou aos locais dos crimes e se comprometeu a quitar as dívidas. Como ganha pouco, parcelou o valor em várias vezes.
A atitude do pai ganhou repercussão e comoveu muita gente. João Duraval Tesar, dono da farmácia assaltada, diz que o telefone não parava de tocar, pessoas de longe querendo ajudar o servente a pagar a dívida do filho. “Foi muita gente ligando, de várias cidades querendo saber da situação financeira do pai, e achou o gesto dele de hombridade, honesta”, afirma.

Além da farmácia, anônimos quiseram pagar a dívida de R$ 900 com o posto de combustível. Uma doadora da cidade de Blumenau (SC) ligou para o dono do posto e pagou a quantia que o filho do pedreiro tinha roubado. “Ela me ligou um dia perguntando se a história que tinha visto na televisão era verdadeira e eu disse que sim, que tinha até as duplicatas da dívida. Dois dias depois ela me ligou dizendo que depositou o dinheiro na minha conta. Ela se sensibilizou com a história e, para mim, foi uma atitude muito generosa”, afirma.

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